Poesias

Soneto em Chamas


Diante de mim um retrato teu
Prometendo loucuras de amor
Tão presente tão ausente estar
Teu corpo ardente faz-me dor

Lábios entreabertos invocam
Todo meu corpo em chamas
Beijar-se-ia se os estivessem
Saborear-me-ia o néctar da flor

Como sol bronzearia teu céu
Como lua acalantaria o amor
C’o estrelas cobriria tuas ondas

Ah! como nuvens envolveria
Tua fonte serena vulcânica...
Ah! Como encantas m’ poesia

GERSON LOURENÇO

StoPtoS


Stop Man!
Foi o verbo que parou ou Sampa?
Não...
Foi o verbo que chorou ou São Pedro?
Não...
Foi o ego que cansou ou São Judas?
Não...
Há uma poça no meio do caminho
No meio do caminho há poça serena
Uma poça quase um riozinho sem ninho
Uma poça quase um ribeirão sem arena
StoP.
Há um farol solitário no meio do deserto
Não há saída...
Foi o rio que parou ou foi a vida?
ou foi a verbalização da subida e da descida
ou foi o caminho que não encontrou saída
ou foi o homem que parou no meio da avenida?
Pare.
Há um poço que atravessa a avenida
Que atravessa a rua, a viela, a quirela
Que atravessa o verso do verso e reverso da vida
Pare.
Navega tranquilo o leito escuro dum moço solitário
Carregado de sol, de poesia, de latas cheias vazias
Carregado de sonhos, de nostalgias e despreparo.
Pare!
Há um auto empacado no meio do caminho
Um homem puxando seu carro no meio da multidão
Um comboio de homens auto que navegam a rua
Oh, não! Há uma pedra no meio do caminho
Há um varonil e seu cabriolé parado no meio da vida
Um autovidamóvel imóvel cansado no reverso do verso
Há um verso de luz apagada de sonho estancado no meio rio
Poetas Inocentes Masters Vol. II 45
Pare.
Rio reverberado no meio do fi o da vida do rio frio
Rio do frio consorte razA no netuno do anzol do rio
Rio da sombra, da onda, da manobra do cansado rio
Rio feliz dos carros estancados na rua estagnada
Rio com asas de onda na Honda que ronda devagar
Rio que divaga no meio do ninho do caminho trilhado
StopMan
A vida, o caro, o silêncio, o rio alagou-se a vida
StoP
Há uma água que deságua mais que um StoP
Que para a grande via viável quando derrama lágrimas do céu
StopMan
Há uma lágrima alagando o leito do rio dum homem com fome
Que parou no farol da vida despercebida do próprio homem
StopMan
Foi a máquina que se humanizou ou o homem se maquinalizou?
Ou a matéria prima da fera-do-homem-fera que voltou à estaca zero?
StoPtoS
G.L & C. D.A.

GERSON LOURENÇO


Os Porquês da Vida


Numa noite destas me apaixonei por você
Foi, então, que aprendi os porquês da vida
E mal comecei andar percebi nos seus olhos
Uma faísca tão incandescente...! Era o amor

Um amor daqueles por que desejamos ser
E sê-lo por apenas segundos, mas segundos
Capaz de durar um infi nito de eternidade
Num beijo! Mas um beijo mais que utopia

Ah... Há coisas que a gente não sabe dizer!
Nem saberemos o porquê dessa combustão
Mas, você aí caro leitor, saberia dizer por quê?

Ou onde eu poderia encontrar a resposta?
Seria eu um mau rapaz ou um anjo audaz
Porque sou terra, ar, água, fogo ou poesia?

GERSON LOURENÇO

Pele Trigueira de Brisa


Como nuvens vêm
De leve como a neve

Vem calma e suave
Como um leve pássaro

Pousa em mim
Um ou dois segundos...
Voa suave e leve...

Não posso tocá-la
Nem de leve c’o a neve....

Com trajes de brisa
Você vem e me beija

Posso senti tua pele
Leve como a neve...

Num piscar de brisa você voa
Como pensamentos vão
Como pensamentos vêm...

Quase posso tocá-la
Mas a bruma se abre...

Você se dissipa de leve
Ficando em mim só uma visão...

Como num sonho
Dissolve-se na brisa leve...
como é leve...

Por que não para um pouco?
Espere! Aproximar-me-ei...
Quero amá-la como a leve brisa!

Espere...! não digas apenas Bom dia
Suave brisa vem acalantar-me

Espere...! não digas apenas Bom dia....
Fica comigo na brisa da noite e do dia

Como nuvens suave brisa
Espero-te toda noite e todo dia...
Vem...

GERSON LOURENÇO

Não me Diz que Não Sabe Fazer Poesia


Não me diz que não sabe fazer poesia
Porque poesia isso mesmo! Não diz!
Poesia é brincadeira de criança ao leu
É um rabisco ousado na folha de papel

Como nuvens desenhando um quadro
Ou como o pôr do sol em dia de verão
Como um arco-íris a enfeitar o infi nito
Ou mesmo um sorriso amarelo-solitário

Não me diz que não sabe fazer poesia
Porque poesia está na palavra não dita
Está no fundo da alma para ser escrita
Não pense muito! Comece a escrever

Derrame no papel um pouco de você
Oh! Deixe escorrer pela folha o amor
Não negue o pulso que a ainda pulsa
Mostre ao mundo que você existe e pensa

Não me diz que não sabe fazer poesia
Porque poesia é pura fantasia e magia
É uma simples brincadeira de criança
Que põe o verbo antes do substantivo

Pinta o sol de preto abrilhantando o dia
Sorri para lua e a chama para brincar
E ela vem! Brinca até o adormecer
Colore o teu sorriso de azul-dourado

Não me diz que não sabe fazer poesia
Porque há dentro de ti uma alma poética
Liberte-a dessa prisão, dessa escuridão
Prima pela vida inda vivida em teu ser

Oh! Derrame o amor como água límpida!
Não há cais seguro para quem não ousa
Diga tudo que sabe invertendo sua lógica
Assim nascerá a poesia que tanto queria

Não me diz nada agora! Derrame tinta no papel
Então verás uma fi gura torta surgir na mente
Não tente contornar ou segurar esse oceano
São ondas livres e sabem o que querem! Sinta-as em ti

Faça do sol seu chapéu e da água sua roupa
Dá areia seu chinelo e da maré sua partida
Da vida, faça o infi nito! Seja infi nito!
Esteja no seu barco livre para colorir a si mesmo!

GERSON LOURENÇO

Musa de Kamacita


Num dos metais mais raro procuro Kamacita
A pérola trigueira do Maranhão uma bEla fl or
Uma rosa rara de perfume extasiante In vita
Nunca dantes exposta à vitrine à beLeza da cor
PeLe de vento da cor de teu sorriso dourado
Como Ana Jansen desvendou no luar do sertão

Sabe musa, teu corpo encanta-me como Sereia
Na lua cheIa teu canto leva-me à loucura do mar
Suas ondas corpóreas aquecem meu sangue-mel
Como um Vulcão você atiça minha solidão intacta
QuAl seu corpo como um troféu oferece-me ato

GERSON LOURENÇO

Meu Infi nito


Uma Mira iluminou meu infi nito
Quão um raio encantado d’um sol
Uma fantasia quase noite de lua
Quão encanto foste meu acalanto

Quase não dormir ao distanciar
De tua magia frenética de amor
Quase me banharia em teu mar
Quão distante estou te esperar

Quão ondas aquecem em mim!
Quão desejo em fagulhas de dor
Espero-te molhar em tuas águas

Quão contente estou te esperar
A mergulhar em teu lago úmido
Como ondas desejo-te oh, mar

GERSON LOURENÇO

Faz-me Viver o Eterno Amor


Crie em mim uma fantasia sobre ti, mas tão
Real que a sinto em meus braços há tempo
Implacável amor que faz- me viver o eterno
Sois um anjo a encantar o meu jardim fl orido
Tão presente está em minha memória! Oh
Intrépido amor de minha vida... uma história!
Amo-te sem mesmo a conhecê-la, sem tocá-la!
Não...! Posso tocá-la sem mesmo vê-la!
Está aqui em mim, Está em mim! Em mim...

Morena faceira! Tangem em mim loucuras...
Está em mim! Estou em ti! Desejo-a... Ah...! há
Dentro de mim um vulcão em erupção!
Espero encontrá-la, oh musa de minha vida! Oh
Infi nito desejo... infi nito amor que sinto por ti!
Rogo aos Deuses para que sejas minha! Oh! amor!
Oh infi nita Rainha de meus sonhos... de meu sorriso....
Sinto-te todos os dias. Oh, eterno amor...!

GERSON LOURENÇO

Dois Pássaros


Ki vontade tenho de te beijar
Estar ao teu lado e de te amar
Implorar sua boca à minha e
Livres nos perdermos no amor
Livres! Livres como dois pássaros
A percorrer o horizonte!

GERSON LOURENÇO

Tio Etê


tietê
outrora
viajavam
bandeirantes

agora
viajam
dejetos
fabris

GERSON LOURENÇO

Criança é Descoberta


Ser criança deveria ser descoberta
Descoberta da poesia do dia a dia
De palavras inventas e coloridas
Num traçado de um papel à magia

Ser criança deveria ser brincadeira
Risco do papel do dourado amanhã
Pintar o infi nito nas bolhas de sabão
Festejar toda manhã em pleno divã

Ser criança deveria ser uma obrigação...
Cantar a vida como canta a cotovia
Desenhar um sorriso como a poesia
E ver nas coisas complicadas a magia

Ser criança é descoberta colorida
Num papel rabiscado do dia a dia
Pintar o fi m com bolhas de sabão
No divã da manhã regada à poesia

Cantar, dançar e pintar o Sete
É coisa de crianças como magia
Descobrir o azul da metapoesia
E nas bolas de sabão sua cantoria

GERSON LOURENÇO

Como uma Criança


Durante dia
o sol é a luz maior
À noite descansa no balanço
Dorme como uma criança
Sonha como uma criança
E como uma criança espera...
Espera o dia amanhecer para brilhar
Brilha como criança no balanço
Dorme como uma criança de olhos abertos
Não descansa na esperança de dançar
E dança como uma criança
E brilha... e é uma criança
Como uma criança se esconde nas nuvens
Brinca de esconde-esconde num dia nublado
Brilha numa manhã de dourado sonho
É sonho, é criança, é esperança de sonho sonhado
Como uma criança descansa de noite e brilha no amanhecer
De uma esperança que nunca se cansa no brilho do sol
Ou no esconde-esconde de um sol dourado como uma criança

GERSON LOURENÇO

Cores do Brasil

Qual é a cor do céu?
é o tom azul do balão

Qual o vermelho cristal?
é a cor da crista-do-peru

Qual é a cor do Canário?
é o amarelo-ouro-Xingu

Qual é a cor da criança?
é o verde da esperança

Qual é a cor do papel?
é o branco da pureza

Quais são as cores do Brasil?
Esperança, canário, céu e paz.

GERSON LOURENÇO

Como um Sopro Atiça a Alma


Tua voz manhosa atiça minh’alma
Que fl ama o vão sossego do corpo
Tua promessa apressa minh’calma
A pulsar o sangue como um sopro

Tua voz manhosa causa-me afl ição
Eretiza o corpo como ondas do mar
Tua artimanha ofusca minha visão
Lúcida sensatez já não pode operar

Tua voz oculta é corpo tão presente
Demência pode se antever a ilusão
Quando adágio torna-se a libertação

Quão presente jaz em mim oh, Mar!
Sinto tuas mãos afagando meu corpo
Num sacolejar intenso d’uma garrida

GERSON LOURENÇO

Como Chamas de Arco-íris


Sempre desejei tê-la como uma tela no jardim
Tal como uma Deusa abrilhanta o meu altar
És o arcano que me faz viver porque a desejo
Flores, és tu, a perfumar meu encanto fl orido
Amo-te simplesmente sem nada querer
Nós somos nós atados num desejo ardente
Yes! Somos nós! Nós ardentes de desejo...

Ká estou em fulguras de amor por ti! Amo-te!
Amo-te! Não sei como e nem porque te amo!
Rio deságua em mim como fontes de chama
Imploro amor sua imagem na tela do jardim
Nós somos nós atados num desejo ardente
És o arcano que me faz viver porque a desejo

Posso pintá-la no meu imenso infi nito todo dia
E pintá-la-ei com pinceladas livres de rubro arbítrio...
Rio deságua em mim como chamas e arco-íris
És o arcano que me faz viver porque a desejo
Imploro amor sua imagem na tela do jardim
Rio deságua em mim como chamas e arco-íris
Amo-te! Não sei como e nem porque te amo!

GERSON LOURENÇO

Caio ou Não Caio? Eis uma Questão Histórica do
Nosso Português!

Conhece a história do Caio Agudo Hífen Trema e Circunfl exo?
Não se lembra? Então, vou-lhes contar a nova adopção de vez
Cai trema, hífen, agudo, circunfl exo e o alfabeto passa para 26
E, assim, não assusta mais o jeito de ortografar o temido português

Brasil, Angola, Portugal, Cabo Verde, Moçambique e Guiné-Bissau
São Tomé e Príncipe e Timor-Leste unifi ca a grafi a tornando-a igual
Porém, pronúncia, vocabulário, sintaxe permanecem o sentido atual
Agora documentos ofi ciais e livros circulam livres no âmbito internacional

São oito nações que falam a riquíssima e belíssima língua portuguesa
O alfabeto, portanto, incorpora o K W Y o já familiarizado do povão
Byron, Darwin, Franklin, Taylor, William Shakespeare é nossa realeza
Já faziam todos parte do cardápio, da biblioteca, da ciência e religião.

Mas..., o que quero mesmo lhes contar é a história de Caio
Agudo, homem simples, mas um tanto corajoso
Que em um certo dia foi parar numa dessas casas grandes da
cidade e sem malícia ou maldade fi cou a pensar...
E como viu que não havia ninguém foi entrando, entrando, entrando,
entrando, entrando, entrando e entrando....
E ..... depois foi parando, parando, parando e parando e parando...
Quando, repentinamente, deparou com uma placa de letreiro
grande e luminoso que dizia:
– “Casa mal-assombra”. “Casa mal-assombra”. “Casa mal-assombra”.
Caio, homem valente do sertão, acostumado a montar em cavalo
bravo, amansar touro e pegar onça pela orelha e fazê-la ajoelhar
e pedir perdão, não ligou muito pra aquele letreiro e caçou um cantinho
pra descansar. Mas, um pensamento vinha sempre à cabeça:
“que diabo pode acontecer se isso for verdade”. .... Esqueceu logo
– foi dormir. E não é que lá pelas tantas da noite ouviu uma voz sussurrando
bem ao pé de seu ouvido:
– Caio ou não caio, senhor Caio? Disse o coisa ruim.
– Pode cair, diabo. Disse Caio sem mesmo saber o que estava
dizendo devido ao cansaço físico e mental.
– Olha que eu caio, senhor Caio. Repetiu o coisa ruim.
– Cai, ué. E o que eu tenho a ver com isso? Disse Caio novamente
sem pensar nas consequências.

E assim caiu o acento agudo da jiboia e da ideia,
Da assembleia, da plateia, epopeia, geleia e boia,
Da colmeia, da alcateia, do apoio, apoia e coreia,
Do heroico paranoico dos ditongos abertos paroxítonos

Todavia, a voz aguda contínua sussurrava e sussurrava bem ao
pé do ouvido do pobre infeliz do senhor Caio.
– Caio ou não caio, Caio?
– Se quer cair que caia, diabos. Respondeu o valente viajante
já se injuriando com aquilo.
Mas desta vez não caiu o agudo dos anéis, dos pastéis, do(s)
céu(s), do(s) troféu(s) nem tão pouco a isca para seus anzóis. E, resmungando,
o valente viajante disse após alguns segundos ou minutos.
– Mas que raios! Que raios! Tô com uma baita fome e porque
não cai nenhum mísero duma migalha de um pastel?
– Calma, calma, senhor Caio Ti! O que é seu ainda virá! Disse o
coisa ruim aos sussurros.

E sussurrou, sussurrou, sussurrou bem aos pés do ouvido do
valente viajante vagante vidente Caio:
– Caio ou não caio?
– Se forem I e U paroxítonos e vier antecedidos de ditongos
que caia raios.
E caiu o acento do agudo da feiura, da baiuca e da serpente
boiuna, todavia, permanecerá nos ditos cujos oxítonos Piauí e Tuiuiú.
Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu
Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu Iu ...
– Para um pouco para eu dormir! Disse o valente viajante vagante
vidente Caio.
Se parou, não sei. Só sei que caíram os acentos diferencias homografais.
Agora, o fantasma pela o pelo do valente viajante vagante
vidente pela língua afi ada. Não o dava sossego. Sussurrava bem ao
pé do ouvido do valente viajante e, agora, também vidente, que via
um esqueleto humano falando com ele. E não adiantava fechar os
olhos, pois via do mesmo jeito... A voz sussurrada contínua continuou
a atormentar o pobre do valente viajante vagante vidente Caio.
– Pelo, tu, ó viajante valente viciado pelo modo indicativo do
verbo pôr. Este continuará sendo acentuado para diferenciar do seu
homo opositor por ainda mais se for o por de um por de uma preposição.
Zangou-se o coisa ruim.
– Pode parar, por favor!!! Implorou o pobre do valente viajante
vagante vidente Caio.
– Não pôde, senhor caio, outros viajantes, discutir com o senhor
das Trevas uma só proposição. Disse o coisa ruim.
– Não? E por que não? Disse o pobre do valente viajante vagante
vidente, agora, um pouco descabelado.
– Olhe ao redor e veja com seus próprios olhos de terror o
que aconteceu. Não comem mais. Não precisam de dinheiro. São,
agora, ecos de minha voz. Dormem como demônios! São Brancos
de Neves! ... Coitado ... coitados, entraram na porta errada. Não
havia anão, príncipe beijoqueiro e, sim, eu, uma coisa que ninguém
vê ou pode fazer alguma coisa para me deter. Sou o próprio
terror...! Borraram todos eles ao ouvir esta minha voz graciosa,
rouca e sensual. Eles não têm valentia como o senhor valente viajante
vidente, agora, um pouco assustado... Caro, Caio, não caio,
agora, nem por reza braba. Os verbos ter e vir são ofícios eruditos.
Foram minha perdição. Tinha tudo: dinheiro, mulheres, mulheres
e dinheiro... tinha tudo. Tudoooooooooooooooooooooooooouuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu...
Ah!....Vir, a este lugar, me dá libertação.
Mas quando homem de carne e osso só ouvia dizer-me:
ele tem dinheiro, portanto, só a ele convém à virtude, só ele tem ou
mantém a elocução no singular. Sou o verbo e o verbo se faz carne.
Sabe, gosto do verbo... Mas no plural todos eles ou elas vêm, têm,
convêm e mantêm o diabólico acento circunfl exo... Sabe, caro, você
é um homem digno. Ouvi-me. É um homem sábio e atencioso com
os velhos. Sabe de uma coisa. Hoje, na era digital, ninguém gosta de
escutar mais histórias, ainda mais, se for as histórias ou conversas de
velhos como eu. Gostei de você, senhor Caio. Passaria uma eternidade
proseando.... Ah! Como eu tenho histórias para contar. Ah, como tenho....
mas ... deixa pra lá....
O coitado do pobre do valente viajante vagante vidente Caio
estava agora quase caiado, pois o coisa ruim estava com ele quase
abraçado. Porém, o pobre do valente viajante vidente, já não sabia
mais se estava dormindo ou acordado. Pensou em gritar e gritou quase
desesperado por socorro divino e dado por uma voz velada dos
violões dos vilões sem uma linha de horizonte sem nada. Desafi nou.
Era soprano. Só plano tinha, mas não saia nada, nem um.................
– Meu Deus! Meus Deus! Eu preciso acordar desse pesadelo antes
que me deem enjoo dos vocábulos ditos vernáculos da gramá de
ti i de ca do outro olho que vê um sonho dourado desvendo o outro
desdourado... Seja Deus ou Demônio creem em mim e leem o tratado
unifi cador da língua portuguesa. Não tenho nada a ver com isso. Se
escrevo linguiça sem trema confesso não sou nenhum culpado, pois
não me deram educação e, consequentemente, a consequência, é do
estado de direito que me foi negado. Não sou bilíngue, não frequento
prostíbulos nem tão pouco sou nenhum delinquente. Estou tranquilo,
pois não sequestrei nenhuma poupança de pobres coitados no plano
of the Coll or of a golpe de estado. Tomo unguento e, portanto, tranquilizo
qualquer cinquentão deste país eloquente que arguir um pobre
coitado de ignorante ou analfabeto-funcional é o mesmo que admitir a
falência do estado atual que não foi capaz de seu povo cuidar. Não sou
cumprida lingueta nem tão pouco sagui um...
– Stop Clown. Já estou ensanguentado de suor de tanto ouvir
tal discurso que não dará em nada. Mas uma dúvida: o que signifi ca
lingueta?
– Lingueta é uma língua pequena ou qualquer objetinho semelhante
a uma língua. Pode ser o fi el da balança ou a parede entre
duas chaminés ou a rampa de cães. Pode ser uma lâmina, que em certos
instrumentos e máquinas, é movida pelo ar ou pela água ou uma
peça móvel, de ferro, da fechadura, que se encaixa, quando movida
pela chave, na chapatesta, trancando a porta ou gaveta. E já chega
seu coisa ruim, disse o valente viajante vidente Caio já de saco cheio
de ter que dar tanta explicação.
– Não chega não, meu Caio. Explique-me porque esta coisa
gosmenta e nojenta escore pelo seu nariz?
O pobre do valente viajante vidente assoou o nariz, dizendo:
– Nunca mais zoo de nenhuma alma perdida. Prometo, também,
não nunca mais colocar acento tão circunfl exo no E / O quando
for encontro vocálico ou diabólico. Acentuarei mais a fé em Deus e
devolverei o que for de César. Me perdoa?
– Perdoo..... Mas não acentua mais. Não trema no U tônico das
sequências verbais gue, gui, que e qui. Disse o coisa ruim.
– Senhor das trevas, o senhor pode me dizer o seu nome or
say me what’s your name?
– My name is Müller Bündchen com trema. Afi nal, sou estrangeiro.
Nada muda. E o seu nome?
– Sou Caio Tiririca, um dos novos deputados mais votados. Mas
me acusaram de analfabeto, os que se acham letrados. Querem tirar
o direito de um pobre despoliticado, desletrado e mais todos os prefi -
xos. Mas não Tira não. Análises e análises analmente mal-intencionada
dizem numa hora que sou analfabeto e noutra que sou analfabeto funcional.
Não sei o que é isso. Se se funciona, não estrague, pois pior do
que tá não fi ca. Sou mesmo é humorista, artista e transformo tudo
numa grande gargalhada. Sou palhaço profi ssional, mas a política faz
da gente palhaço funcional? E você, cara letrado? Conhece a língua,
mas faz da língua uma ferramenta afi ada que cota e não ajuda em
nada. Sabe até usar ela, mas não come mais do que muela mal assada.
Sabe de uma coisa. São esses mesmos que querem me tirar que inventaram
a lei para nós, os tiriricas. E esta é a política de vocês... É?
– Stop clown again.... Estou farto do lirismo que “para” e vai
averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo. Abaixo
os puristas. Todas as leis que nos oprimem, nós, os Tiriricas ou os
Lulistas. Todos os que nos fazem analfabetos que funcionem ou não.
Toda a podridão da política insensata, que corrói, que destrói e que
mata. Estou farto do lirismo mascarador, político, raquítico, sifi lítico.
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.
Quero antes o lirismo dos loucos, dos analfabetos funcionais, dos bêbados
anormais e dos clowns de Shakespeare. Não quero saber do
lirismo que não é libertação, que não é poesia ou magia. Não quero
infernização aos pobres ditos sem cultura ou sem formação escolar.
Não quero saber se a hifenização cai ou não... tanto faz...
– Eu não aguento, não aguento. É de noite é de dia. Mão na cabeça
e documento. O que é que há de errado com a noite que brilha?
O que é que há de errado se não decorei a cartilha? Eu não aguento,
não aguento a queda do agudo, do circunfl exo, do trema e hífen.
Que moeda complexa. Foi só eu investir na bolsa, pra cair tudo. Preciso
de um advogado.
– Não precisa seu Caio Tiri. Não precisa. Este país precisa mesmo
é de educação, de cultura, de humor, de arte e de um pouco de palhaçada
pra gente dá risada. Sabe, seu Caio, gosto de música engraçada,
não dessas putarias que toca por aí. Que faltam pouco uterizarem tudo.
Perdeu a graça, hoje, não há amor platônico. Há.....
– Então, posso poetizar – melhor, cantar?
– Cante ou Kant...? Esquece... Kant... Kant.... Mas, antes, uma
dúvida: comida é pasto? Se for, basta o que eu pasto todo dia. Disse
o coisa ruim.
– Mas a gente não quer só comida...
– Esta canção deixe que eu canto no meu canto, senhor Caio.
E cantou: “Mas a gente não quer só comida, quer diversão e arte e
quer saída para qualquer parte. A gente não quer só comida, quer
bebida, diversão, balé e quer a vida como a vida quer. Bebida é água,
comida é pasto e você tem sede de quê? A gente não quer só comer,
quer comer e quer fazer amor, mas não só comer, a gente quer prazer
pra aliviar a dor. A gente não quer só dinheiro, quer dinheiro e
felicidade, quer o inteiro e não pela metade. A a gente não quer só
cesta básica, quer trabalho e uma boa educação. A gente não quer
viver de esmola, quer uma mola para nossa propulsão. Kant... Kant...
Sócrates neles... Agora, Cante e Kant...
Caio lembrou da infância e de sua casa. Não cantou a canção A
casa, pois o fazia lembrar da sua casa real. Resolveu parodiar.
– Era uma língua muito engraçada
Ninguém acentuava nem tão pouco tremava
A maioria escrevia quase como se falava
E os sabidos julgavam a sua cultura errada
Mas, e agora, José? A norma mudou.
O que estava certo, agora errado fi cou
O que tinha acento, agora desacentado
O que tinha trema, agora destremado
O que era hifenizado, agora ajuntado
E o que era junto, agora separado
Mas o poeta professor até que avisou na sua proesia
Fingia escrever autoajuda tudo juntinho
Porque como profeta sabia que hífen cairia
Que homo se separaria e que o hetero se uniria:
Tal como autoescola, autoestrada, autoaprendizagem
Hidroelétrica, agroindustrial, pluriestatal, tudo isso, é heteroapoetisia.
– Isso é música? Ou é uma tonelada de regras autofantasmogoticogramaticais?
– Isso é metapoesia, senhor das trevas. Sabe que o hífen gosta
de se ajuntar? Disse o sabido Caio Tiri.
– Não. Não sei. Disse o senhor das trevas.
– Pois é, sô. Agora é assim. Se o prefi xo terminar em vogal
E o segundo elemento começar em S ou R faça uma duplicação
Fica assim: AntiRreligioso, AntiSsemita, contraRregra
estraRregulamentação, contraSsenso e contraSsenha
Mas atenção! Não põe hífen em tudo que aparecer
Sempre há uma ou mais exceções e como há exceções!
Hiper, inter, super não gostam de se misturarem não.
Gosta de independência e isso é hiper-requintado
E assim super-resistente e inter-resistente estão sempre degredados.
– Continua, cabra da peste. Acho que vou até aprender português.
Disse o senhor das trevas.
– Ah, sim, tinha até me esquecido de tal missão. Hífen é mesmo
confusão. Veja só. O que estava junto agora se separou. É desquite
ou divorcio?
– Sei lá sô. Só sei que anti-ibérico, arqui-irmandade, contraalmirante,
supra-auricular, micro-onda, arqui-inimigo, semi-internato,
infra-axiliar, eletro-ótica e só uma auto-observação - eles antes andava
todos grudadinhos e até dormiam juntos e não sei porque cargas
d’águas houve separação.
– São coisas da vida. Eu por exemplo, não consigo provar minha
evolução. Não se leva em conta a experiência do nosso sertão.
Lá, dotô, não há escola, só fome e peregrinação. Sabe... eu trocaria a
minha caneta por uma enxada porque sempre quis trabalhar na roça e
abrir uma invernada e assinar meu nome aqui neste chão. Porém, aqui,
na cidade dotô, não valoriza o trabalhador sem diploma, não sabe que
meu diploma foi calo na mão conquistado ao sol e chuva no cabo da
foice e do machado. Nunca tive Machado de Assis que atou a velhice
24 Poetas Inocentes Masters Vol. II
à infância numa história que até hoje é intrigada. Disse Caio Tiririca
Trema ao Cão sem circunfl exo.
Houve um minuto de selênico. Houve um momento de emoção.
Foi, então, quando Ângela Lago chegou e disse ao senhor das
trevas: o cão.
– Diga logo alma-penada a frase que queres a este pobre infeliz
do sertão, diga. Abra o jogo ou desce do soto onde moras ou eu
denuncio sua própria Cara. E se quer cair que caia duma vez. Diga as
palavras mágicas e também se livre dessa maldição que te condenou
a pairar no soto desta casa mal-assombrada em que ninguém mora
ou pede pousada. Diga, logo, se não eu digo.
Não disse. Disseram juntos o dito em forma de coro.
– Caio ou não caio?
– Pois caia. Respondeu, agora, um pouco aliviado, o pobre Coitado
do Caio agudo T. Trema Hífen Circunfl exo.
Mas quem não diria com uma que é madrinha e dona da criação....
Disseram... e aí caiu uma perna e caiu outra perna. E caiu um
braço e caiu outro braço. E caiu uma cabeça e ou.... Enfi m, caiu tudo.
Mas tão logo caiu, levantou-se rarefeito em forma de esqueleto de
homem dizendo:
– Não tenha medo. Sou um pobre miserável avarento que, vagueia
errante, todas as noites nesta casa vazia e sombria. Era rico e
adorava dinheiro... dinheiro... dinheiro... e isso foi a causa da minha
morte. Era muito sovina e acumulei muita riqueza e enterrei uma grande
quantia dele no chão desta casa. Foi a minha perdição. Minha alma
acha-se presa a este tesouro e dele não se apartará, enquanto o dinheiro
ali se conservar. Tu tiveste coragem de afrontar o assombro
da assombrada casa. És muito valente, pois corre pelos ares e pelas
estradas a quilômetros daqui a história deste infeliz. Por isso, nesta
casa ninguém mora ou quer se passa perto. Portanto, Caio, toda esta
riqueza agora é sua. Vá, agora, e, como fez Horácio, amigo íntimo de
Hamlet, conte a minha história. Ter e ter. Eis uma questão a se pensar.
Acabou-se o discurso. Acabou-se o tormento de um pesadelo
acordado numa casa mal-assombrada igual a peste que contamina
nossa política desde sua iniciação, já no principio da escuridão. Caio
Trema agora treme não sei se é por sorte, alegria ou tristeza ou medo
ou alforria. Caio cara carismático caia cada vez mais em si – estava livre.
Poetas Inocentes Masters Vol. II 25
Assim, o coisa ruim como o espectro do Rei Hamlet desapareceu antes
do primeiro cantar do galo. E quando o dia anunciou pelo cantar dos
pássaros Caio renasceu das águas límpidas de sua consciência enigmática.
Não precisava mais provar nada. Precisa, porém, encontrar o baú
e baús escondidos pela desgracência do dedo opositor. Encontrou.
Encontrou livros e livros dourados com os segredos mais segredados
do Universo. Leu tudo. E, portanto, não precisava mais de professor
ou advogado. Era o tal. Tinha em suas mãos a joia mais valiosa da vida.
O direito de ir e vir, de ser e ser, de poder e poder... Caros, preciso ir....
Antes, porém, que eu me esqueça, deixo-te as tranças de Rapunzel
caso precise driblar a bruxa. Outra coisa, mas me diga com sinceridade
se há direitos iguais para os menos iguais? Reconheço com indignação
a sábia e quase oração fraseartica: “somos todos iguais perante
a constitu”. Ição qui num veju acontecer pra muintus esfomeadus di
comida i moradia i idukação. 1 bjo pro seis ki pricisu i imbora.

GERSON LOURENÇO
MESTRE EM LITERATURA E CRÍTICA LITERÁRIA PELA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE DE SÃO
PAULO (PUC/SP), PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURA, ESCRITOR, POETA,
COMPOSITOR, COORDENADOR NACIONAL DO PROJETO POETAS INOCENTES.
GERSON LOURENÇO


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Gerson Lourenço


Soneto da esperança


Ultimamente tenho pensado em você
Tenho pensado em você constantemente
Constantemente; penso, vivo por você
Vivo, ultimamente, pensando em você

Pensando em você, construo minha paixão
Construo: amor, armadilha, ar, água, fogo!
Fogo! O meu corpo queima como se fosse
Fogo: é amar, é sonhar, é desejar e tê-Ia!

Amar, amei! Sonhar, sonhei! Desejar, foi!
Foi o que mais fiz! Realizar! Não, realizeil!l
Realizarei!!!? Não sei! Não saberei. Saberei?

Realizarei! Realizá-Ic-ei segundo você
Segundos, horas, tudo é constante!!!
Segundo você, viveremos eternamente!

Gerson Lourenço


O teu beijo


Por que te quero? Será a distância?
Será por que não posso tocá-Ia!!!?
Acariciá-Ia, amá-Ia, penetrá-Ia, ou .. .?
Quem sabe porque a amo, ou amarei!

São tantos motivos. Mas por que esse amor!?
É amor, é falta de amor, é solidão, não é???
Então, o que é? Não sei dizer! Talvez seja,
Seja talvez o amor! O aroma do teu beijo que ficou!

Que ficou presente em minha memória
Nem mesmo a distância por mais cruel, malvada
Não conseguiu destruir o sabor do teu beijo

Nem o tempo conseguiu apagar da memória
O teu beijo, o teu sorriso, o teu olhar, o teu beijo
O teu beijo! És o mais provável. Doce! Úmido!

Gerson Lourenço


Ao meu grande amor


Meu Amor!
Andei procurando por muito tempo uma pessoa que fosse
Reflexo, luz,
Inteligência. Encontrei-a. É você!
Agora ando procurando ser

Leal, amigo! Quero ser
Uma pessoa
Carinhosa, dedicado a você. Faço do meu jeito! Não sou perfeito! Mas procuro
Interagir!
Amo, simplesmente, você!

Amo-te!
Não tenha
Dúvida! Posso não ser
Romântico, mas
Ando
Deveras procurando ser
Especial

Leal
Otimista!
Understand-me?
Realmente gosto de você! Tu és
Especial para mim e
Nada
Conseguirá apagar
O amor que sinto por ti.

Gerson Lourenço


Mulher: alma que acalma!


Mulher: criança, esperança e aliança,
Mulher: menina, lima o rima do percalço!
Mulher: moça, força, poço, osso de artimanha!
Mulher: mulher, que quer ser mulher!
Mulher: mãe, calma, alma que acalma!
Mulher: avó, experiência e paciência.
Mulher: dona de casa, a brasa, abraça do lar
Mulher: policia, a milícia, a malicia do poder.
Mulher: perfeita, prefeita, gorvenanta d’um estado, casa, urbe ou país.
Mulher: labuta, a luta, soluto do dia-a-dia.
Mulher: estudante, diamante, errante e ser
Mulher: figura, a altura, a postura do criador!
Mulher: amor, a dor, ferida, condor da metapoesia!
Mulher: aliança, o mel, o céu, fel e o prazer
Mulher: no trabalho, no atalho e vida
Mulher: autora, cantora, inspetora da academia
Mulher: atriz, meretriz d’um tempo atroz!
Mulher: exemplo, garra, farra, barra de ser
Mulher: profecia, professo Radiante de uma eco-voz-guia
Mulher: ação, profissão, combustão e educação
Mulher: mulher, mulher, mulher!
Mulher: riqueza, a beleza, a tristeza d’um de ser
Mulher: limpamento, momento, a beleza depende de ti
Mulher: maltratada, queimada no chão da fabricação!
Mulher: branca, banca, mulata, prata, ouro e tesouro da pátria.
Mulher: negra, negrume, cafuza, confusa da tua missão!
Mulher: repórter, retórica de um povo
Mulher: engenheira, imperatriz e astuta...!
Mulher: médica, enfermeira, delicada e nada?
Mulher: astronauta, pirata, peralta do vão
Mulher: mais que adjetivo e substantivo pronome ou qualquer prescrição!
Mulher: mulher, não descreve como neve pura breve leve...
Mulher: verbo, provérbio é apenas citação diante do diamante que é ti!
Mulher: mãe do criador, professor, do condutor, do bem e malfeitor.
Mulher: anagrama, Ana, Gama, grama, grana, pentagrama do oceano.
Mulher: raiz quadrada, a espada, a cruzada da salvação!
PERDÃO... MULHER..! Não há palavras para descrever tua magia...!!!

Gerson Lourenço


Uma história anosa da Teia e Thea


A mulher verbaliza a carne e o desejo
Atenua seu olhar na vastidão da presa
E sutilmente revela o reverso o cortejo
Inebriando o desejo de quem a deseja

A mulher carnavaliza a história e Tejo
Acentua o perfume num sorriso apresa
E inevitavelmente contrai tal indefeso
Abreviando o infarto a vitima indefesa

A mulher consolidaliza o ato num beijo
Deusa Rainha produz o néctar à colméia
Divina e anosa foi terra da Teia e Thea

Jaz em tua doçura a cura morte o ensejo
Do poli polui a atmosfera da fera e seja
O ato belo o elo dele-dela até sem sê-lo.

Gerson Lourenço


Estrela cadente


Encantei-me com tua formosura!
Li em teus lábios raios de luar que
Inveja todo o infinito a tua beleza!
Andei procurando ondas assim!
Não havia encontrado entre as estrelas!
Esperei! Você apareceu como nuvens

Paralisou meu ser! Meu universo, meu verso e minha poesia!
Entre as estrelas, oceanos e infinitos a procurei!
Ri ao te ver de relance! Num lance! Numa utopia!
Esperei! Você apareceu como nuvens na minha tela!
Invejou todo o infinito a tua beleza! A tua beleza...!!!
Ri ao te ver de relance! Num sorriso, num paraíso...
Andei procurando ondas assim como você!

Dengosa! Vultuosa! Infinita!
Esperei! Você apareceu como ondas na minha tela!

Andastes provocando tempestade à minha solidão!
Não! Andou fulgurando o meu coração! És um vulcão ativo!
Dona de mim! Dona de meu sorriso moribundo!
Raramente sento-me assim perdido entre as estrelas! Tu és
Âncora! Ancorou-me majestoso céu! Estrela cadente! Estrela luzente!
Dona de mim! Dona do infinito sem fim! Magia pura e jura de amor!
Esperei! Espero o teu infinito na minha finita solidão! Espero-te amar!

Gerson Lourenço


Soneto da conquista


Falar-te-ia de amor numa noite de lua e coração cheio
Cantar-te-ia as canções alegres e outras tantas maresias
Celebrar-te-ia tua vitória com espumas estreladas ao dia
Compensar-te-ia o sono matinal à noite regada à poesia

Tecer-te-ia uma cama de palavras dóceis aos teus ouvidos
Cobrir-te-ia de beijos o teu corpo contra o inverno tão frio
Amanhecer-te-ia ao teu lado com café, leite, mel e frutas!
Entregar-te-ia à boca o pão quente a cantar uma melodia!

Cuidar-te-ia de selar tua correspondência ao céu enluarado
E sentar-te-ia a ler a vida, versos, prosas e tua mão todo dia!
E corrigindo ia toda a imperfeição se houvesse à sinfonia!

Quem sabe assim conquistar-te-ia oh meu grandioso amor!
Que quer ser seu a todo instante num mar róseo de poesia!
Deixar-me-ia rouba-te um beijo-assinado ao som do dia-a-dia!

Gerson Lourenço


Soneto do pelejo


Não sei o acontece no teu coração
Ou o que acalanta o fundo d’alma
Conquistar-te exige da minha ação
Mas me pede paciência e c-a-l-ma

Por que profundo rio de amargura
Se amor à ferida d’alma é ablução
Tentar evadir o axioma não é cura
A um vulcão que é mais explosão

Titubear aos enigmas é fácil saída
São tranças que tentamos conduzir
Se mais simples é o decurso da vida

Curvar-se ao repto sem mais pelejar
Significa asilar a vida em combustão
Ao acaso de um cortejo sem sonhar

Gerson Lourenço


Soneto pronto-e-ponto


Diz-me qual o ponto que a pontua
Ponto agudo que eu possa pontuar
Meu ponto procura teu ponto nu
No ponto das estrelas dum pontuar

Diz-me qual o ponto que a agrada
A ponto de’um sorriso neonuclear
Meu ponto procura teu ponto azul
Na neblina ardente do teu cativar!

Diz-me neste instante o ponto nu
No ponto que eu preciso pontuar
Meio ponto não é meio de adorar!

Digo-te o ponto do meu ponto!
Quanto ponto teu corpo nu ilustra
Minha musa! Um ponto AtÉnuAr!

Gerson Lourenço


Soneto de nós em nós dois


Sabe musa de minha doce tela
Não sei mais viver sem te ver
Desejo-a toda formosa e bela
Aquiescendo luz do meu viver

Como se fosse lua procuro luar
Na tela do computar um retrato
Que me faz à tua presença estar
Sentir o teu corpo frívolo e ato

Quero atar meu corpo ao teu...
Como atas em nós em nós dois
E ninguém não consiga desatar

E atados entrelaçados gamados
Seremos um mesmo sendo dois
Num ato de amor como sóis ato

Gerson Lourenço


No ato da brisa de teu beijo


Pensei no ato do tato de tuas mãos
Procurando em mim novas canções
Duma sonata ao Allegretto contato
Em tua boca em meia orquestração

Pensei no ato do tato de teu corpo
Divagando o sorriso de um violão
Duma maré sonolenta a tua ilusão
Em teus seios a magia dum porto

Pensei no ato da brisa de teu beijo
O desejo ardente e louco do amor
Como corpo em chama me chama

Pensei no ato do ato além indeciso
Receio de amar ao amor impreciso
Onde delicioso destino é luz turva

Gerson Lourenço


Aurora da minha vida


Giz da aurora da minha vida
Imperatriz sensível de uma visão
Sinestesia da vida, do sorriso!
E paraíso e colinas de veias poéticas
Lente da história, gloria do futuro e presente!
Dádiva da completude
Águia dos sonhos dourados

Sinestesia da vida, do sorriso, da eterna magia!
Amo-te como o oceano, lua, céu, estrelas...
Néon púrpuro de netuno
Tua complexidade me diz liberdade, vontade, desejo...
Imperatriz sensível de uma visão infinita
Amo-te! Oh! bela e imperiosa donzela
Giz da aurora da minha vida! Oh! Esplêndida doçura!
Oh! doce aurora em chama

Dádiva do desejo, do encanto!
Esperanto do poema em combustão

Amo-te simplesmente! Quero-te ardentemente!
Rios de beleza! Minha deusa e doce mulher!
Amo-te como o sol dourado em chamas
Úlcera famélica como o arco-íris
Jaz em mim um desejo de amar-te
Oh! doce aurora em chama! Chama-me a teus braços!



Singela beleza d’alma


Oh! flor do jardim estonteante e ofuscante
Áurea que abrilhanta teu encantado olhar
Singela beleza d‘alma, do corpo e da mente
Sedução infinita está no arcano do teu mar

Mas historicamente troféu não há que cante
A sutil beleza encenou-se nas mãos do varão
Laboravam-nas arduamente luz e negrume
Almejou-se alvedrio abolindo-nas a solidão

Lume, bramidos em estrela iluminou o ar
O céu imune tramou o ardume da agonia
Hoje, livremente, a estrela triunfa seu dia!

Precisou-se assolar para nascer-se das cinzas
Num sorriso abrandado ao pão-rosa e à vida
Março tributa-se a palma à mesma ferida

Gerson Lourenço